sexta-feira, 16 de abril de 2010

O COMEÇO...

No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás e o Aiê, a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras. Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas. O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.O branco imaculado de Obatalá se perdera.Oxalá foi reclamar a Olorum.Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo,irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais,soprou enfurecido seu sopro divinoe separou para sempre o Céu da Terra.Assim, o Orum separou-se do mundo dos homense nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida.E os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos.Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados.Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram.Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanose andavam tristes e amuados.Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindoque os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra.Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos.Foi a condição imposta por Olodumare
Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres,dividindo com elas sua formosura e vaidade,ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto,recebeu de Olorum um novo encargo:preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás.Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás.Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta,banhou seus corpos com ervas preciosas,cortou seus cabelos, raspou suas cabeças,pintou seus corpos.Pintou suas cabeças com pintinhas brancas,como as pintas das penas da conquém,como as penas da galinha-d’angola.Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços,enfeitou-as com jóias e coroas.O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé,pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa.Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros,e nos pulsos, dúzias de dourados indés.O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contase múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori,finas ervas e obi mascado,com todo condimento de que gostam os orixás.Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada eo orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.Finalmente as pequenas esposas estavam feitas,estavam prontas, e estavam odara.As iaôs eram a noivas mais bonitasque a vaidade de Oxum conseguia imaginar.Estavam prontas para os deuses.
Os orixás agora tinham seus cavalos,podiam retornar com segurança ao Aiê,podiam cavalgar o corpo das devotas.Os humanos faziam oferendas aos orixás,convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs.Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos.E, enquanto os homens tocavam seus tambores,vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás,enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam,convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê,os orixás dançavam e dançavam e dançavam.Os orixás podiam de novo conviver com os mortais.Os orixás estavam felizes.Na roda das feitas, no corpo das iaôs,eles dançavam e dançavam e dançavam.Estava inventado o candomblé.(Reginaldo Prandi, Mitologia dos orixás, págs. 524-528)

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                           (Desculpe-me os erros em portugues, muito nervoso nesse dia)
                                  

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